Izabel Eri Diehl de Camargo, Caminhos da Vida

"São os passos que fazem o caminho". Mario Quintana

Textos


A semente de mostarda famosa pelas expressões bíblicas, despertou-me curiosidade e  procurei conhecê-la. Se a fé do tamanho do grão de mostarda pode mover montanhas de um lado para outro, o que fará o lindo grãozinho? Fui ao Mercado Público procurar a semente  e encontrei em um pacotinho com os minúsculos grãozinhos .  Descobri que suas sementinhas produzem a maior das hortaliças, transformando-se em uma grande árvore com flores amarelas. Assim como as flores, as sementes são também coloridas. Vi pacotinhos com sementes brancas,  amarelas e  pardas. Comprei a branca, por ser menos picante, segundo  informaram-me.  Tudo isto aconteceu, depois que assisti a uma reportagem  em programa de televisão, quando deram a receita de um chá poderoso. Os ingredientes do chá eram:  canela, semente de mostarda e erva-doce. Pela propaganda que ouvi, imaginei ser um chazinho milagroso. Reuni os ingredientes indicados e fiz o chá. Que delícia! Não consegui beber somente uma xícara, tal era o sabor. Se  é anti-inflamatório, se alivia reumatismo, câimbra e depressão não sei, pois não sofro com nada disso, mas que o chá é saboroso e digestivo é verdade.
Conheço uma pessoa focada em dores musculares, falava sempre a mesma coisa, conhecia quase toda a farmácia alopática e acreditava no seu médico. Sábado pela manhã, tocou o telefone, era ela, convidando-me para ir ao cinema; desculpei-me em função do horário, tudo em vão, mudou para outro horário, com entusiasmo.  Concordei, meio arrependida, pensando – terei que ouvir toda aquela conversa outra vez, vai ser um senta levanta de ranger cadeiras de novo! Porém, cumpri com a promessa e nos encontramos na bilheteria.  Ela alegre, sorridente, sem falar no costumeiro assunto. Surpreendi-me. Perguntou-me se eu conhecia a semente de mostarda e contou-me que está passando muito bem e que as dores foram embora, desde que conheceu a bendita sementinha. Falou que toma todos os dias uma xícara de chá, conforme fora indicado em um programa de televisão. Sorri por dentro ao ouvir a  minha receita.  Pensei – será que a fé do tamanho do grão de mostarda está removendo montanhas mesmo? A moça mudou o discurso! Escutei a mesma receita do chá salpicado de elogios. Parece que ela tinha convicção do que falava, pois parou durante todo o filme, não se ouviu nem o arrastar do sapato. Respirei um novo ar e passei a admirar ainda  mais o bonito grãozinho de mostarda. Passei a acreditar na sabedoria popular que diz: - Tamanho não é documento... Os melhores perfumes estão nos pequenos frascos...
Oh! Sementinha danada, pequena de  efeito grande
Izabel Camargo
Enviado por Izabel Camargo em 19/05/2013
Alterado em 19/05/2013
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