Telefonema do Além
O telefone jamais esquece de tocar. Preparava um almoço para o dia de verão. Decorava um bonito prato de salada mista. A cozinha estava aconchegante. No gabinete, alguém desejava minha presença. Interrompi a tarefa muitas vezes. Quando estava concluindo, deixei o telefone chamando, me demorei. No último toque, coloquei o fone ao ouvido: – Alô! Alô! – É a tia Julia. – Sim... Silêncio... Pode falar. Escutei. – É a tia Julia. E continuava, aflita: – É a tia Julia. Que estranho, não dizia mais nada. Quem será? Pensei. Falei de novo. – Sim, pode falar. – É a tia Julia, sussurrou. Tive uma ideia e perguntei: – Com quem a senhora quer falar? Outro murmúrio. – É a tia Julia. Repeti a pergunta. Aquela voz fraquinha, sonora respondeu: – Com a Eliane. – Ah! Não é aqui. Desliguei de imediato, toda arrepiada, pensando: que estranho, não conheço nenhuma Julia. Tia! Que tia? Aquele fato ficou martelando na minha cabeça e a voz soando nos meus ouvidos. Uma intuição informou-me: a tia Julia que falava é a tia do meu coração, com quem convivi desde criança, abraçou-me um dia antes da sua viagem para o Além. Faz mais de vinte anos! Perguntei-me por que Eliane e encontrei explicação. É o nome de uma das suas netas, minha prima em segundo grau. Fui advertida de que o vínculo afetivo permaneceu forte. É fantástico! Até o telefone facilita a comunicação com o Além. Izabel Camargo
Enviado por Izabel Camargo em 05/04/2013
Alterado em 18/05/2013 Copyright © 2013. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |