Izabel Eri Diehl de Camargo, Caminhos da Vida

"São os passos que fazem o caminho". Mario Quintana

Textos


A menina e a boneca
 
 No pátio da residência dos Weber, passava um córrego onde a correnteza mostrava o tom azulado da água. Havia um gradil colorido que separava o córrego do jardim.  Entre as flores, estava uma casinha cor-de-rosa. A dona da casinha brincava com suas amigas e passeava no jardim com a boneca no colo. Quando estava sozinha, trabalhava muito, dava banho nas bonecas, fazia comidinhas, nanava para fazê-las dormir e as colocava na cama. No dia de seu aniversário, ganhou de presente a boneca mais linda do mundo, a batizou com o nome de Mariza. Esta chorava, fazia gestos, mexia com os olhos, parecia uma criança de verdade. Ela era a boneca preferida, a menina a levava para passear no jardim, tomar sol e mostrar a beleza do riacho. De repente, a menina enxergou um cravo amarelo perfumado, sorriu e disse:
— Fica sentadinha esperando-me que eu vou buscar uma flor. 
A boneca Mariza sentou-se no gradil como em uma bicicleta, seu cabelo loiro esvoaçava. A menina voltou logo, cheirando o cravo amarelo. Olhou para todos os lados, não viu mais a boneca. Começou a procurar gritando: “Mariza, onde te escondeu? Responde!” Nada, só ouvia o canto da água. Chorando, continuou a procura por todo o jardim. Soluçava e dizia:
— Ela nem chora mais, onde anda? 
Desanimada, entrou correndo e chorando pela porta da cozinha, direto ao ombro da mãe.
— Perdi minha boneca mais bonita, a Mariza.
Tocou a campainha. O padrinho da menina chegou de surpresa, ela o encontrou aos prantos. Ele nem sentou-se, saiu com a afilhada pela mão a procura da boneca. Entrou na casinha, andou pelo pátio, examinou todos os cantos do jardim. Tentou consolá-la.

 
— Não chores mais, ela viajou.
—Não, eu perdi.

— Vou pensar, onde ela se escondeu e amanhã volto para te contar.
—Eu quero minha boneca!
— Fiques calma, não chores minha querida, se eu não encontrar a Mariza, comprarei outra ainda mais bonita.  Despediram-se. Veio a noite, a menina dormiu com uma bonequinha no braço, sonhando com sua Mariza.
o dia seguinte, chegou o padrinho com uma linda boneca em substituição a boneca perdida. Ela abriu o pacote curiosa e gritou: “que linda!” Afogou-se no choro.
— Não gostaste da boneca? “Gostei sim, mas eu perdi a Mariza!” 
— Escuta o que aconteceu. A Mariza está viajando, embarcou na correnteza da água e chegou a um porto. Lá estava um navio cheio de turistas, convidaram a boneca para viajar com eles. Está muito bem cuidada, anda longe, atravessando o Oceano. Que beleza! Vai dar uma volta ao mundo. Cuida bem desta nova que eu trouxe, deixa a Mariza passear, ela não está perdida.
 —Ela fugiu então?
Soluçando, falou: Estou com saudades...   

 
Izabel Camargo
Enviado por Izabel Camargo em 08/08/2013
Alterado em 08/08/2013
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